sexta-feira, 8 de maio de 2009

A Visita





Quando um homem do campo carregado de memórias, caminha solto no espaço, os seus pés de barro misturam-se com os dedos que se cavaram na terra. A harmonia é dissonante, no equilíbrio ele parece cambalear, como se fosse voar. Como marinheiro sem mar. A melodia desse movimento, encontra o compasso no tropeço, como um corpo suspenso, que procura o gesto para sintetizar, a ideia que se perde no meio da palavra. O ritmo determina o seu andamento pela ansiedade, e a respiração queima o ar.

O texto serve apenas como ferramenta para uma construção, ou desconstrução de qualquer lógica naturalista. O texto vai ao encontro da poética das sonoridades mais rurais.

Que espera este homem? Que podem esperar os homens? Que se pode esperar encontrar dentro das invenções que se reinventam para acreditar que se vive... ou não se vive.

As aldeias morrem, de gentes, de bichos, e depois, de memórias que se escondem no vazio onde dorme a essência daquilo que somos e não somos.

Um homem dentro da mais absoluta solidão de uma aldeia de Portugal, igual a todas as aldeias onde já ninguém vive, nessa aldeia vazia de gente, só um ser inventado, pode contar, ou inventar histórias que talvez, nunca existiram.


1 comentário:

~ tiggz' disse...

vi hoje o Pedro no "Portugal no coração" e um dos problemas pq nao vou mais ao teatro é por este se encontar concentrado, muitas das vezes, nas grandes cidades. Eu vivo em Leiria e, apesar de ja haverem boas condições, não há muitas peças apresentadas cá.
Eu imagino como deve ser dificil andar pelo país em digreção, mas penso que, por vezes, devessem apresentar estas peças noutras cidades.

É de louvar esta iniciativa do "bilhete de amigo", pois assim, e num tempo em que todos falam da maldita crise, as pessoas poderão aderir mais a esta peça.

Parabéns Pedro.

Tiago Crespo